CURIOSIDADES DO VALE


Aqui te contaremos histórias pitorescas da época em que o
café reinava na região.
Nossa colaboradora é a turismóloga Andreia Pit, que através de sua personagem, Mariana Crioula, nos convida a um delicioso passeio no tempo.



Curiosidades sobre o Vale do Café - Andreia Pit

Andreia Pit

Andreia Pit é guia de turismo, turismóloga, cursou gestão cultural e politicas públicas na UERJ e desenvolve um trabalho diferenciado, promovendo a valorização da história, da cultura e da identidade afro-brasileira. Como receptiva de turismo no Vale do Paraíba Fluminense e caracterizada como Mariana Crioula, a notável companheira de Manoel Congo, que liderou junto a ele, a marcante insurreição negra da região, Andreia canta (Sim! Ela canta jongo), recita poemas e encanta a todos ao narrar histórias e curiosidades dos habitantes do Vale do Café no Século XIX.

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Curiosidades sobre o Vale do Café - A Comunicação em Código com Leques, Flores e Frutas

A Comunicação em Código com Leques, Flores e Frutas

Em tempos em que alguém que tivesse a mais fértil imaginação sequer sonhava em inventar as redes sociais, diga-se de passagem, a Internet, nem só de cartas viviam os namorados, paqueras, amantes, enfim...Entre os vários códigos sociais utilizados desde que o mundo é mundo (rs), aqueles que compartilhavam os sentimentos do coração, no Século XIX, a época em que focamos esses comentários, também se aproveitavam desse método para mandarem seus recados e elegeram os Códigos das Flores e dos Leques para o flerte. Conta-se que D. Pedro II utilizou o Código das Flores após um desentendimento com a Marquesa de Santos. Em uma carta enviada à Marquesa ele avisava que enviaria lírios brancos como pedido de desculpas. Haveria uma apresentação de teatro naquela noite e ele pediu à Marquesa que caso ela tivesse aceitado seu pedido, deveria, então, usar um dos lírios em seu vestido.

O código dos leques era ainda mais interessante. Antigamente, os homens também utilizavam esse acessório e os motivos não eram só por vaidade. O leque era útil para amenizar o calor e alguns odores desagradáveis já que os hábitos de higiene não eram como os atuais. Bem, não vamos tirar o glamour das nossas breves linhas. Era com esse objeto que o flerte acontecia, a qualquer momento, de forma discreta e até divertida, no Vale do Café. Oportunidades não faltavam e era só ficar atento aos olhares e aos movimentos das mãos, é claro! Abrir e fechar o leque significava que a pessoa não sairia à noite. Esse aviso poderia ser dado pelas sinhazinhas aos seus pretendentes, por exemplo. Essa é boa: se o homem batesse com o leque fechado no cabelo, estava enviando a seguinte mensagem: não se esqueça de mim! Já quem estivesse segurando o leque aberto e com o dedo no cantinho, a mensagem era clara: preciso falar com você! E a resposta era dada assim: leque no lado esquerdo do rosto era um não e leque no lado direito do rosto significava um sim.

E até as frutas foram usadas para transmitir alguns recados. O significado de um homem ganhar um abacate, por exemplo, é que ele estava sendo traído. E dar uma laranja ao seu par queria dizer que estava tudo terminado entre o casal.

E era assim que muitos casais se formavam, brigavam e se resolviam… Tudo através dos códigos das flores, dos leques e das frutas… Romântico, não é mesmo?

Texto: Andreia Pit




Curiosidades sobre o Vale do Café - A Curiosa História da Flor de Carne

A Curiosa História da Flor de Carne

Entre os meses de outubro e novembro, nasce, no túmulo do Cônego Rios ou Monsenhor Rios, Antônio Rodrigues de Paiva e Rios, benfeitor religioso do Século XIX, uma flor curiosa, com formato de coração que, ao ser tocada, exala mau odor e libera um líquido vermelho parecido com sangue. O respeitável escritor Coelho Neto, sobre o assunto registrou que um dos zeladores do cemitério Nossa Senhora da Conceição, em Vassouras, desconhecendo o ciclo do aparecimento da flor, acimentou toda a lápide. No entanto, ao chegar o período do seu nascimento ela rompeu o cimento, com toda a sua delicadeza e surgiu, mesmo assim, aumentando o misticismo em torno dessa intrigante história. Ao lado do túmulo, muitas placas de graças recebidas comprovam agradecimentos de devotos que consideram o Monsenhor um santo. Nascido em 1806, em Congonhas do Campo, Minas Gerais, filho de João Gonçalves Rios e Francisca Maria Rosa, desde jovem já demonstrava vocação para o apostolado. Aos 25 anos foi ordenado sacerdote na cidade de Mariana, também em Minas. Exercendo sua função eclesiástica fervorosamente veio para a região como vigário da paróquia de Vassouras e lá permaneceu por 5 anos. Pessoa bondosa, sua atenção se voltava para os pobres e escravizados.

Monsenhor Rios faleceu em janeiro de 1875. Porém, antes de sua morte, solicitou que fosse enterrado na região central do cemitério, em cova rasa para demonstrar seu patamar de igualdade perante as pessoas, já que na época, segundo as regras daquele cemitério, pessoas de grande poder e riqueza eram enterradas na parte da frente e, nos fundos, eram enterrados os negros, os pobres. e tem breve duração entre 13 a 14 dias. Após esse período ela fenece e dá lugar a um arbusto parecido com uma pequena palmeira, que também após curto período desaparece, nada resta sobre o túmulo e o ciclo recomeça.

Em suas impressões sobre o assunto, Coelho Neto mencionou, ainda, que estar próximo àquele túmulo era se aproximar de Deus. E, em torno de um ar de mistério, a flor surge somente em período de finados.

Texto: Andreia Pit




Curiosidades sobre o Vale do Café - As EIRAS e BEIRAS do Vale

As EIRAS e BEIRAS do Vale

Depois de ficar por dentro dessa curiosidade você não vai mais olhar para os telhados antigos da mesma forma!

As casas de fazenda e dos centros históricos aqui do Vale do Café trazem diversos detalhes que, no mínimo, podem revelar as condições sociais de seus antigos proprietários. Um exemplo são as eiras, beiras e tribeiras dos telhados.

Sabe de onde vem aquela expressão sem eira nem beira? A palavra eira (do latim area) era um espaço de terra próximo às casas, nas aldeias portuguesas, onde os cereais eram espalhados e secos.

Aqueles produtores que possuíam uma eira eram donos de terras, casa e bens, ou seja, tinham riqueza, poder e status social.

As casas desses produtores possuíam um prolongamento do telhado para proteção contra a chuva chamado de beira. Assim, quem não fosse proprietário de terras e casas não tinha eira nem beira!

No Brasil do Século XIX, em pleno apogeu do ciclo do café, a eira, a beira e a tribeira, auxiliavam na identificação da classe social dos proprietários das residências de acordo com o que se via nos telhados. Os que apresentavam somente eira identificava um proprietário considerado pobre; já os que possuíssem eira e beira poderiam ser o que chamamos atualmente de classe média; As casas dos ricos possuíam eira, beira e tribeira.

Texto: Valéria Kelli – Equipe Portal Vale do Café




Curiosidades sobre o Vale do Café - Os Bigodes dos Barões

Os Bigodes dos Barões

Os quadros dos nobres barões do café comprovam que o conjunto barba e bigode, além de impor respeito, era moda naquele tempo. Para manter seus bigodes sempre alinhados, os nobres recorriam a um truque simples: passavam a cera que escorria das velas, utilizadas na iluminação, nos fios. Era assim que os bigodudos mantinham seus bigodes sempre lisinhos.

E a vaidade com os bigodes não parava por aí. Eles importavam da Europa uma xícara especial, a xícara bigodeira, para tomar café sem desalinhá-los.

E ainda dizem que as mulheres são muito vaidosas...




Curiosidades sobre o Vale do Café - Suíte Improvisada

Suíte Improvisada

Quem já teve oportunidade de saber um pouco mais sobre as fazendas históricas do Vale, deve ter ouvido a mesma história: os casarões, repletos de luxo e requinte, não possuíam banheiros. É por isso que, nos quartos, sempre vemos uma jarra e uma bacia sobre uma cômoda e o terceiro elemento, o penico, não tão à mostra assim, pois ficava sob a cama, formando o conjunto no estilo “ é o melhor que temos para o momento” (rsrs).