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Capital da Serenata e das Fazendas Históricas de Café, Conservatória Vira Livro






Pequeno distrito do município de Valença, no estado do Rio de Janeiro, Conservatória foi um dos principais polos cafeeiros no século XIX e hoje é um destino turístico como poucos no Brasil, em grande medida por seus atrativos históricos. Além das fazendas de café, que remetem ao Brasil Imperial, a vila é conhecida como a capital da serenata. Os detalhes dessa história são contados no livro Conservatória – memórias sons e sabores, que chegou às livrarias pela Editora Olhares com edição e texto de Otávio Nazareth.

O livro conta a história da vila de Conservatória desde quando foi fundada com o objetivo de constituir um aldeamento indígena, após a região ser ocupada por sesmarias. Pouco tempo depois, ela virou um dos principais cenários do ciclo do café, que gerou riquezas e fez com que a região se desenvolvesse de forma rápida. Com esse movimento ascendente, as fazendas foram tomadas pela suntuosidade, assim como os hábitos de seus proprietários. Muitos deles passaram, inclusive, a ostentar títulos nobiliárquicos do Império, e ficaram conhecidos como os Barões do café.

Nesse período, Conservatória ganhou uma estação ferroviária como parte de uma linha planejada para escoar o café, e recebeu a visita do imperador D. Pedro II para inaugurá-la. Entretanto, a bonança não durou muito. “A falta da mão de obra escrava, a consequente queda na produção, a falta de tecnologias, o esgotamento do solo e o desmatamento fizeram com que tivéssemos uma região arruinada pela crise cafeeira e por uma terra empobrecida por técnicas desapropriadas de plantio”, explica a historiadora Rosa Helena de Oliveira, uma das entrevistadas para o livro.

Com o declínio, Conservatória amargou a sua derrocada, fazendas foram vendidas ou entregues para pagar dívidas, o trem que escoava a produção de café deixou de circular, comércios fecharam suas portas, a população diminuiu e os poucos jovens que continuaram na região para construir suas vidas tinham uma terra pouco promissora. Curiosamente, foram a monotonia e a rotina descolada do mundo exterior que levaram à preservação forçada das características urbanas e rurais, tanto na arquitetura quanto no estilo de vida e no patrimônio imaterial, do qual o melhor exemplo é a tradição das serenatas.

A expressão musical espontânea teve um impulso definitivo para se eternizar com a atuação dos irmãos Joubert e José Borges, que tiveram a iniciativa de transformar as serenatas em atração local. Em um de seus projetos, eles empreenderam um levantamento das canções mais tocadas e de seus autores, e criaram placas para associar uma música a cada casa do centro histórico. As inaugurações das placas eram uma verdadeira festa, com comes e bebes oferecidos pelo anfitrião ao som de muita música e comidas típicas.

Hoje, Conservatória vive em sua rotina essa intensidade cultural e turística. Vive do passado, mas com o espírito completamente presente, e a música se dissemina por centros culturais, praças, ruas, bares e pousadas. O livro traz também receitas de pratos típicos, outra força do turismo local.

Sobre a Editora Olhares


Editora especializada em temas da cultura brasileira, em especial nos campos da arte, da história, da fotografia, da arquitetura e do design. Além de títulos relevantes nesses segmentos, a editora conquistou prêmios como o Jabuti e o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira.

Texto:
Samatha Dias
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Foto (Capa do Livro):
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