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Ana Maria Machado na trilha de Eufrásia




Escritora lança livro sobre Eufrásia Teixeira Leite em Vassouras e recebe alunos na antiga casa da personagem

À convite da Academia de Letras de Vassouras, estabelecida no Mara Palace Hotel, a autora Ana Maria Machado esteve em Vassouras, RJ, dia 17 de novembro, para o lançamento do seu mais recente livro “Um mapa todo seu”, baseado no romance de Eufrásia Teixeira Leite e Joaquim Nabuco. Cerca de 100 convidados estiveram presentes para homenagear a autora, entre acadêmicos, estudantes e moradores da cidade.

Ele, diplomata e abolicionista, ela, nascida em Vassouras, herdeira de empresários do café que se emancipou por conta própria. O romance que deu origem ao livro se inicia após encontro no navio rumo a Paris e durou por anos. Ainda que menos conhecida que Nabuco, a personalidade e relevância que Eufrásia teve para a época encantou a autora, que construiu o livro com base em pesquisas feitas para obras publicadas previamente que abordavam o século XIX.

Nessas pesquisas a autora descobriu um outro lado da Eufrásia, que contrastava com a imagem de forte, independente e assertiva sempre vinculada a ela. Em seus escritos ela deixava com frequência transparecer uma grande insegurança e fragilidade com relação a Nabuco. Aqueles eram tempos em que a revolução feminina se iniciava, Eufrásia se posicionava na frente justamente pelas qualidades de ter ficado órfã, ter dinheiro e ser bem instruída. Porém, os anos de submissão e fraqueza feminina pareciam introjetados, vindo de gerações anteriores, revelados nos recorrentes pedidos de desculpas dela ao amante.

Se na intimidade Eufrásia se mostrava vulnerável, ao mundo ela era bastante ousada: conseguiu triplicar a fortuna que lhe foi deixada pelos pais, investiu em ações e foi a primeira mulher a entrar na bolsa de valores de Paris. Visitar Vassouras foi uma maneira de levar à cidade parte de sua história reescrita, com novos elementos sobre essa grande benfeitora, que doou grande parte de sua fortuna a instituições de caridade locais.

No dia seguinte, Ana Maria Machado visitou o Museu Casa da Hera, antiga casa dos pais da Eufrásia, onde ela viveu por toda juventude. Lá, a autora encontrou e conversou com crianças das escolas locais, cerca de 300 de 5 escolas. Quando perguntaram sobre de onde vinha sua inspiração, ela resumiu em 3 palavras o que é escrever: “Observação, invenção e memória”, explicando que o gatilho da escrita é geralmente algo vivido ou contado, assim como ela se utilizou de fatos vividos e lembranças que tinha para compor suas obras. Outra curiosidade foi sobre o livro que levou mais tempo para escrever. Para surpresa geral, esse foi o livro que tinha poucas páginas e apenas uma frase em cada, e levou tempo justamente porque ela procurava palavras que casassem perfeitamente.

Fonte: Luísa Avelino - Assessoria de Imprensa